Capítulo 3

A primeira coisa que eu gostaria de deixar claro é: viajar no tempo não é possível, pelo menos não no sentido clássico dos filmes de ficção-científica. Se eu andar para trás e matar meu próprio pai, eu não deixo de existir, nem crio um paradoxo temporal.

Imagine que, ao invés de um universo de quatro dimensões (espaço-tempo) o Big Bang tenha criado infinitos universos quadridimensionais contidos em um multiverso de dez dimensões. Cada um desses universos co-existe e é originalmente idêntico um ao outro. A cada instante cada um deles se divide em outros infinitos universos, cada um refletindo as pequenas diferenças entre eles. É entre estas diferentes linhas do tempo que o Viajante navega.

Vocês que já assistiram algum programa científico na TV já foram expostos ao conceito de wormhole ou buraco-de-minhoca, uma ponte intra- ou interdimensional que os "universos multi-dimensionais" da sua física atual prevêem mas são incapazes de provar. Com um pouco de leitura sei que vocês vão descobrir que existem singularidades pontuais e singularidades em anel, ou singularidades de Kerr, um buraco negro feito de massas rotativas (orbitando ao redor de um centro comum) e desprovido de horizonte de eventos, ou seja, de onde é possível escapar pela outra ponta. Criando uma singularidade de Kerr artificial, cria-se um buraco-de-minhoca artificial pelo qual se pode atravessar para outra linha do tempo. Adicione-se a duas microsingularidades rotativas alguns relógios de Césio e um computador multiprocessado e você tem uma GE C204, a unidade de Viajem no Tempo que me trouxe até aqui.

continua no próximo post...