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quinta-feira, abril 07, 2005
saído diretamente do jarro
23:57 HPJ (horário padrão do jarro):
Ontem eu me deparei com uma dúvida técnica interessante. Não era a primeira vez que ela me vinha em mente mas foi a primeira vez que ela foi estapeada na minha cara. Um cara me ofereceu um compressor elétrico para admissão de ar ou, traduzindo em miúdos, um turbo elétrico. Pra quem não entende o funcionamento de um turbo, preciso primeiro dar um curso rápido sobre motor a combustão interna. Sem enrolação, um motor a combustão funciona com pistões que movem um virabrequim, que converte os movimentos de sobe-e-desce dos pistões em movimento circular. Os pistões sobem e descem impulsionados pela explosão do combustível que é injetado neles. Dependendo do combustível existem dois ou três ingredientes na explosão: faísca elétrica (no diesel ela é dispensada), combustível e oxigênio. Se um deles faltar, a explosão é incompleta ou inexistente, portanto o fornecimento abundante dos três tem de ser garantido. No turbo os gases de escape (o ar comprimido pela explosão no pistão, "desprovido" de oxigênio e de combustível) são redirecionados para uma turbina dupla. Esses gases em alta pressão, que normalmente seriam expelidos no escapamento, impulsionam o que se chama de "parte quente" da turbina, que transmite por um eixo central o movimento para a "parte fria", outra metade da turbina que comprime ar ambiente em direção à borboleta da admissão, uma espécie de torneira controlada pelo acelerador que determina quanto ar entra nos pistões para alimentar a mistura ar-combustível (aos que acharem a aula técnica demais, me desculpem, estou me esforçando ao máximo para deixar a explicação simples; aos que acharem ela técnica de menos, vão à merda, estou explicando pra gente que não entende nada de carro). Então o que o turbo faz, no fundo, é garantir uma excelente disponibilidade de oxigênio para a explosão do combustível. O excesso de ar é compensado quase que automaticamente pela injeção eletrônica (através, entre outras coisas, da detecção da presença de oxigênio não-queimado nos gases de escape) com a injeção de ainda mais combustível e, portanto, maior potência. A vantagem do turbo é que ele usa uma energia que iria ser desperdiçada completamente, a dos gases de escape, para impulsionar mais ar para dentro do motor, criando um crescimento cíclico na disponibilidade de potência (quanto mais ar entra, maiores explosões e portanto maior saída no escape e portanto mais ar entra ad infinitum). Uma das desvantagens é que os gases de escape saem literalmente pela ponta oposta de onde entram os gases de admissão, e portanto existe um sem-número de tubos e canos que devem ser utilizados para desviar os gases de cá pra lá. Como a pressão do ar depende de quanto ar sai no escape, é nescessário que uma ou mais válvulas regulem constantemente a pressão do ar fornecido. As peças sofre grande desgaste, superaquecimento, um sem-número de problemas pode surgir do turbo. Um turbo elétrico não é impossível, mas até pouco tempo atrás era altamente improvável. Um motor elétrico que rodasse na velocidade nescessária para impulsionar uma quantidade válida de ar era ou muito grande, ou consumia muita energia, ou ambos. Mas, se essas desvantagens pudessem ser superadas, um turbo elétrico seria uma solução muito superior ao turbo tradicional. Sem gases para desviar, sem válvulas complicadas para regular, tudo muito direto e elétricamente controlável. Um compressor de ar ligado ao sistema de admissão criaria uma pressão positiva que aumentaria a concentração de oxigênio no motor. A própria concentração de oxigênio na saida de escape pode servir de guia para decidir se é nescessário aumentar ou diminuir a velocidade do compressor, algo que pode ser feito eletrônicamente com meia dúzia de componentes que custariam alguns centavos. Mas as dúvidas são maiores do que as potenciais vantagens: será que o motor elétrico realmente comprime ar suficiente para fazer diferença ? Será que o consumo elétrico dele não supera a disponibilidade de eletricidade do carro ? Seria eu capaz de criar a eletrônica nescessária para controlar tudo isso ? Enquanto as dúvidas me abatiam resolvi me deitar: arrumei a cama, peguei meu livro predileto, acendi meu abajur e liguei meu ventilador. Foi então que eu vi, bem no meio da grade daquele grande compressor elétrico, a marca do fabricante em letras vermelhas: Honeywell. A mesma que fabrica as turbinas Garrett, o padrão de mercado em turbo automotivo. Seria um sinal ?
Escrito pelo Unknown
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