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segunda-feira, abril 12, 2004

saído diretamente do jarro
 

19:42 HPJ (horário padrão do jarro):

Fui assistir "A Paixão de Cristo" (ou "A Paixão do Cristo", no original "The Passion of the Christ", muito mais correto, uma vez que cristo quer dizer apenas ungido, batizado, e não é, como muito cristão de fim-de-semana pensa, o sobrenome de Jesus) como bom agnóstico que sou.
Muito bom o filme, um retrato interessante de um Jesus Nazareno (YSHWA H NZRWTh se não me falha o hebraico) humano, com amigos, mãe, sentimentos. Nada da baboseira maníaco-religiosa de um semi-deus que veio para morrer por nós. Jesus tem uma mãe que ele ama porfundamente (e esta tem uma companheira em Maria Madalena), tem amigos fiéis (mesmo Judas é claramente um amigo de Jesus e se arrepende profundamente da traição e Pedro chora após negar Jesus três vezes. João por sua vez está do lado de Maria a cada passo da crucificação de Jesus). Indo contra o que eu esperava, o filme se segura de maneira literal ao texto, mas de uma maneira tão suave que deixa o espectador livre para interpretar (nada nega a possível relação de Maria Madalena e Jesus, por exemplo, além de eles terem escolhido a Monica Bellucci para o papel de Maria Madalena, o que torna toda essa idéia de ter um caso com ela mais interessante... Mas uma vez que não se faz menção, na Paixão, do fato de que Jesus tinha irmãos e que Tiago era um deles, eles são omitidos por completo). O filme peca, a meu ver, apenas no excesso de violência. Todo mundo diz isso, eu sei, tanto que quando eu saí do cinema eu me disse: "Poxa, não é tão violento quanto dizem". Mas é violento pacas, e exagera na exposição de momentos que não estão documentados da mesma maneira em todos os Evangelhos. Mel Gibson se deu a licensa poética de escolher quem estava certo quando, e sempre escolheu o caminho mais sangrento. A cena da tortura romana, por exemplo, não pode se considerar puramente dispensável, mas era no mínimo possível encurtá-la em uns 10 minutos. E Jesus tropeça tantas vezes com a cruz nas costas que se alguma escritura contivesse relato de todas elas ele nunca teria conseguido passar de motivo de chacota, quanto mais figura religiosa... Tem-se a impressão de estar assistindo uma Vídeo-Cassetada macabro-religiosa. Tudo para chocar e ferir o espectador. Eu tinha a impressão que todas as mulheres do cinema estavam chorando e algumas ensaiaram ânsias de vômito mais de uma vez.
Mas o filme é fiel (até demais) e válido, como nenhum outro jamais foi neste assunto. É uma escola para quem não sabe e para quem sabe da história retratada também. Os personagens todos falam aramaico com excessão dos romanos, que falam uma pronúncia muito compreensível de latim. Os judeus usam diversas expressões do hebraico, todas plenamente identificáveis (Elohim, "Deus Todo-Poderoso" ou "Altíssimo", Adonai, "Meu Senhor" e Yeshua, hebráico para Jesus são apenas alguns exemplos) durante as passagens em que são ditas. Recomendo a todos os que ainda não viram.
Mas vão com o estômago vazio. E com o coração preparado. Para se chocar ou para se converter.

Escrito pelo Unknown

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