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quarta-feira, junho 04, 2003

saído diretamente do jarro
 

19:27 HPJ (horário padrão do jarro):

Uso medicinal de Cannabis
Como de um terço a metade de todas as pessoas que passaram pela adolescência (estatística americana, mas acho que vale pra cá também), eu experimentei e consumi (não-regularmente) maconha (o que é um desafio considerável quando se é um cérebro dentro de um jarro). Sou extremamente insensível a neurotransmissores, como qualquer anestesista que já tenha me tratado pode confirmar (eu tenho de tomar uma dose de anestesia para eqüinos para fazer intervenções locais), o que deve explicar o motivo pelo qual não vejo graça em chocolate ou porque não me sinto "chapado" com maconha. Mas a maconha é, antes de mais nada, uma droga social. Quase ninguém (que eu conheça, pelo menos) acende um baseado para fumar sozinho. E portanto meu consumo de maconha se equipara ao meu consumo de álcool: fazer companhia a outros consumidores. Dito isso, expurgados os demônios e feitas as mea-culpas, quero falar sobre uso medicinal de cannabis. A folha de cannabis não é apenas uma fonte de tetra-hidro-canabinol (THC). Existem 421 substâncias na cannabis, 60 exclusivamente. A maconha pode ter diversos efeitos, de sedativo a estimulante, passando por alucinógeno. É muito difícil defender o uso medicinal de algo tão... abrangente. Mas eu gostaria de deixar aqui o testemunho de um homem, a 5a pessoa a receber o direito de consumir maconha medicinalmente nos EUA. Ao contrário do que se pensa, este direito não é concedido a todas as pessoas que podem se beneficiar dela. Apenas 34 pessoas receberam este direito, e destas, apenas 7 continuam vivas (são todos pacientes com doenças terminais). (Volto a lembrar que estou falando dos EUA. No Canadá existem leis de uso medicinal da maconha também. Em boa parte do resto do mundo, ninguém pode se beneficiar dos efeitos curativos da cannabis) Vou traduzir parte do texto, se quiseram ler mais, cliquem aqui.:
(...) Eu nasci com várias pequenas deformidades, unhas faltando, juntas-duplas nos dedos, juntas dos ombros deformadas e rótulas pequenas demais (...) Eu vivia doente, mesmo quando criança. Num ataque, tive conjuntivite, seguida de sarampo, seguida de inflamação de garganta que se desenvolveu em uma febre reumática. (...) Os músculos de meus braços não se desenvolveram normalmente (...) eu vivia quebrando ossos, principalmente das mãos e pulsos. (...) No início dos anos 60, eu comecei a consumir maconha ocasionalmente, e descobri que ela aliviava minhas dores constantes. Diferentemente das pessoas que ficam chapadas e risonhas depois de fumar maconha, eu só me sentia melhor. Meus músculos paravam de ter espasmos, a dor insuportável passava e meu corpo relaxava (...) Entre 66 e 68 eu tive hepatites A e B. (...) os ingredientes dos remédios alteravam meu humor. (...) Eu não gostava os efeitos dos remédios que me eram prescritos. Eu não tinha alucinações nem ia parar nos hospital por causa de maconha como acontecia com os fortes remédios que eram receitados. Eu também me sentia muito mais esperto e atento quando usava apenas maconha. (...)
O texto continua descrevendo os diversos problemas que ele sofreu e ainda sofre durante toda sua vida por causa da Onico-Osteodisplastia Hereditária (OODH) ou síndrome de Fong, que causa deformidades nos músculos e ossos, além de problemas no fígado e glaucoma. É uma doença extremamente rara (apenas 200 casos documentados, 3 na família dele), crônica e terminal Além disso, ele perdeu todos os seus dentes antes do 21 anos, suas feridas custam a cicatrizar e ele teve tuberculose. Ele é o fundador da Patients Out of Time, uma associação sem fins lucrativos de pesquisa dos usos medicinais da cannabis, formada por médicos e 5 dos pacientes com direito de uso medicinal de cannabis. Ele recebe 300 cigarros de canabis por mês que ficam guardados em um cofre trancado pelo governo para acesso somente a ele, desde 17 de março de 1990 (meu aniversário de 11 anos, por coincidência). Apesar de doente terminal, ele já ultrapassou a idade na qual a maioria dos pacientes de OODH morrem, 40 anos, graças à maconha. Acho que outras pessoas doentes merecem receber a mesma chance que este homem. Digam-me o que vocês acham.

Escrito pelo Unknown

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